sexta-feira, 11 de maio de 2007

MINHA NOVA CRIANÇA

Em 1959 minha mãe tinha 3 anos, os americanos dominavam o Alasca, começava a revolução cubana, e nascia também a minha mais nova companheira, que vive comigo desde sábado. Falo da querida vitrola valvulada Philips, pouca foram fabricadas, uma raridade que toca vinis de 78 rotações e ainda por cima você pode empilhar os discos enquanto o outro toca, e logo depois eles vão caindo e reproduzindo as canções automaticamente... É alta tecnologia, e te garanto que não quebra igual a estas merdas de tocadores de mp3. Sem falar do som, só ouvido para perceber a qualidade única de um aparelho à válvulas.

Sábado à tarde fui com meu cunhado André ao Armazém Senado, pra variar, pois era o dia da tarde do vinil. Chegando lá, com os meus debaixo do braço, fomos surpreendidos por um defeito na vitrola do Armazém, e sendo assim, nada de música. Tomamos duas cervejas e decidimos dar uma volta na feira do Rio antigo da Rua do Lavradio. Estava rolando um chorinho ao vivo bem bacana, e a feira com muita gente, cheia de vida e coisas interessantes para olharmos. Ainda por cima encontramos nosso camarada Darcy, que iniciou um agradável passeio conosco. Antes um pouco antes de chegar a esquina com a av. Men de Sá, me deparei com esta maravilha de 1959 em uma barraca. Puxei o André pelo braço e falei:

- Meu irmão, dá uma olhada naquilo!

Ele riu pra mim já sabendo que ficara louco pela vitrola. Estava olhando e muitas pessoas também, inclusive fotografando, até que a moça da barraca me conheceu:

- Você não é o Felipe? Aquele que compra discos na barraca do meu marido na Rua dos Inválidos, o Reinaldo?

- Exatamente. Não sabia que a senhora era a esposa dele.

- Sou sim, e ele está vindo aí. Você gostou da vitrola né? Se quiser levar separo pra você, e pode pagar na segunda.

- Ainda estou meio na dúvida. Vou dar uma andada para pensar e depois volto para falar com o Reinaldo.

Essas titubiadas que são foda. Já deixei de comprar muito disco raro por causa dessa porra, deixo pra depois e quando volto alguém já levou. Fiquei conversando com o André para ver o que achava e ele disse:

- Leva logo cara, você é maluco por essas coisas mesmo. Eu compraria sem pensar, depois vai se arrepender...

Nessa hora eu gelei e entrei e desespero:

- Vou pegar a grana no banco e vamos voltar logo, tomara que alguém não tenha comprado.

Reinaldo já estava lá, e ela também, ainda órfã. Me senti um pai quando reencontra seu filho perdido, que felicidade. Fechei negócio com Reinaldo e levamos a criança ao Armazém, para que pudesse ser testada e para podermos continuar com a tarde do vinil. Todos ficaram olhando com ares de passado, a coroada ficou doida e eu muito feliz com tudo aquilo. Botei logo um Nelson Cavaquinho e depois um Robertão das antigas.





Fiz um filminho dela e coloquei no Youtube para quem quiser dar uma olhada, é so clicar aí em cima. Agora ela está aqui do meu lado me dando alegria em troca de carinho e cuidado. Ainda bem que a Heloisa entende e não fica com ciúmes. Quem quiser visitá-la pode dar uma passada aqui em casa.

Até a próxima.

6 comentários:

Paris disse...

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Palestino disse...

Também quando esta merda quebrar adeus viola!

Otávio disse...

Vitrola uma coisa...Rara e cheia de estilo, pois escutar uma boa musica em uma velha vitrola cara isso não tem preço (plagiando a propaganda da Mastercard) é isso ai meu camarada curte esta maravilhosa máquina de estimula as emoções das pessoas ao tocar as belas musicas dos vinis.
abraço Felipe

Marcelo Faria disse...

Que brinquedo maravilhoso!!!

Áquila disse...

Barão, parabéns pela vitrola! Estou por aqui morrendo de inveja! Fico imaginando a sua cara quando escuta um daqueles milhares de vinil que ainda possui.
Abração, mano!

Áquila.

Anonymous disse...

Quando era menino meu pai comprou uma identica a esta até na cor, a mesma foi comprada zero na loja, no final dos anos sessenta. Tenho minhas dúvidas se esta vitrola ainda é valvulada.