quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

JOAQUIM E ALEMÃO

Mais uma noite depois do trabalho resolvo antes de ir pra casa dar uma passada no Joaquim ou para quem prefere Rio-Brasília. De vez em quando (ou quase sempre) faço isso, até porque lá é um lugar onde me sinto à vontade tanto quanto na minha casa, também já fazem uns 18 anos que apareço por ali, bem antes do Joaquim ficar sócio no meu pai por um tempo.

Cheguei no Joaca também porque sabia que meu tio/pai iria estar lá. Seu Celestino, o espanhol. Quando coloquei o pé no boteco vi que ele estava sentado na mesa de mármore que fica lá dentro, como sempre com sua caneca de vinho tinto seco. Ele abriu um sorriso logo que me viu e disse com seu portunhol:

- Bamos sentar alá fora!

Estando do lado de fora fui logo pedindo um maracujá para a Terezinha, como estava sentindo falta disso. Foi quando percebi que meu tio/pai me sorriu pela segunda vez por causa da escolha da bebida. Ele também adora.

Começou a conversa me dizendo que foi renovar sua identidade de gringo na polícia federal pela manhã e depois como já estava por aquelas bandas da Praça Mauá, foi almoçar um farto e excelente cabrito num boteco que eu tinha lhe recomendado, o Gracioso. Além de adorar a iguaria, ficou mais contente ainda quando começou a conversar com o dono do bar, o seu Lago, seu patrício de Santiago de Compostela. Meu tio/pai me disse que foi aquele papo das antigas, de quando eram recém-chegados ao Brasil, ou como diz Celestino, de quando a Praça Mauá era Praça Mauá.

Entrei no assunto dele e acabamos nos relembramdo de bons momentos que vivemos um dia, não de quando a Praça Mauá era Praça Mauá e sim de quando eu tinha uns 10 ou 11 anos e em quase todas as quartas-feiras minha família se reunia no Alemão (Bar Brasil). Eu e meus primos ficávamos escutando a conversa daquela espanholada, que praticamente falavam (e bem alto) de bares, dos negócios e da terrinha. Quintans e Salgados na mesma mesa, como sempre. Falando em mesa, me lembro que sempre sentávamos na redonda que fica no meio do bar, parece que ela estava sempre reservada pra gente. Logo depois vinham muitas caldeiretas com muita pressão, aquela imensa tábua de frios e paté de fígado com pão preto. Eu adorava aquilo tudo e sempre prestava atenção em duas coisas: no modo em que copeiro tirava o chopp e naquela magnífica geladeira de madeira.



Essas lembranças todas fazem com que eu sempre fique por perto desses lugares, mas o bar Alemão não me atrai apenas pelas boas recordações, um dos principais motivos que me fazem ir a este recanto é a serpentina de uns cem metros de comprimento, e é claro, o chopp que viaja por este caminho e desemboca com perfeição ao final. É um atrás do outro, como água mesmo! Ah, e aquela caldeireta de 80 mm de diâmetro também faz parte do ritual de apreciação.

Os garçons ainda hoje com aquele uniforme de pinguim, os mesmos sócios espanhóis (agora me foge o nome deles, creio que um é Juan. Se aguém souber escreve aí), o kassler com mostarda preta, o biombo e a geladeira de madeira. São características que ainda permanecem neste lugar.

Bom, depois de viajar por este monumento histórico da lapa voltemos ao bar do Joaquim, onde estava com meu tio/pai, já no quinto maracujá (muito saboroso). Jogamos ainda mais alguma conversa pro alto e combinamos de voltar qualquer hora no Alemão, e depois o levei até o ponto de ônibus e fui pra casa. Fui pra casa pensando como valeu o meu dia, mesmo que tenha sido no final. Além de me refrescar com aquela querida bebidinha do Rio-Brasília, refresquei a minha memória com imagens que vivi um dia e que faziam tempo que não vinham até a minha cuca. Valeu.

PS: Se quiserem encontrar comigo amanhã passem na hora do almoço no Bar Brasil. Abraço e até lá.