quarta-feira, 19 de setembro de 2007

LUTO

Encontro-me de luto, brutalmente entristecido, isto porque um pedaço de mim acaba de morrer. Fechou nesta semana minha querida Uisqueria Bico Doce, recanto de momentos inesquecíveis, onde se encontravam amigos de uma vida inteira quase todos os dias. Situada no carioquíssimo Beco das Cancelas, e com cento e doze anos de idade, virou referência para quem gosta de uísque, de boa conversa, e simplesmente, de viver nossa cidade. Lá se falava de música e poesia, e também se fazia música e poesia, histórias do Rio eram relembradas com um enorme sentimento nostálgico, chorava-se e sorria-se sempre ao lado dos fiéis amigos e copos de boca larga.

Meu grande camarada Fernando Pinheiro ligou-me na última sexta, para me alertar do problema passado pelo comandante da casa, nosso querido Cabral. Juntamos o pessoal da confraria ontem para ver se conseguíamos ajudar de alguma forma, como se fosse o último suspiro. Mas infelizmente não foi possível manter as portas abertas, deixando mais taciturno aquele tradicional beco do centro da cidade.

Tem gente como o Fernando, que frequenta a casa há uns trinta anos, que está abatida, pois passavam por lá todos os dias, talvez com mais tempo de Bico Doce do que a própria casa.

Nossa vontade para a uisqueria ficar aberta é tanta, que ela acaba se tornando numa lírica esperança de que sempre haja um jeito, um final feliz.

Torcemos que o próximo a pegar o local, seja uma pessoa rara, e mantenha viva esta história centenária, para que os velhos e os novos amigos voltem a brindar por momentos únicos da vida.

Seguem algumas memórias que foram eternizadas em nossa querida casa: