quarta-feira, 15 de julho de 2020

ANDRAJÓPOLIS - atualizações

Na última postagem estava temendo o futuro incerto do local. Vamos às atualizacões:

Bar da Bala:
Aberto sem novo normal. Mario no comando. 

Crispim:
Tá por lá como sempre.

Bar Bonde 33:
Sr. Serafim, que era o capitão do balcão,  faleceu.  Covid. Descanse em paz. Seu filho matou no peito e o bar tá aberto.

Almara:
Terrivel! Paulinho e a esposa faleceram. Covid. Descansem em paz. Filho tá com as chaves mas o provável é que não abra.  Morrerá também um boteco de MUITO respeito. Perdemos todos.

Estou muito triste. Sem mais palavras.

quarta-feira, 10 de junho de 2020

ANDRAJÓPOLIS HOJE

Andrajópolis é uma cidade de quatro esquinas, um cruzamento de respeito. Como o nome já diz, a cidade dos andrajos. Matoso com Barão de Iguatemi. Alguns botecos imundos e figuras ímpares estão ali. Frequento esta cidade há muitos anos e posso afirmar que sou um cidadão andrajopolitano. Como estará o lugar hoje em dia, com esta covid maldita?


REX:
Primo rico do cruzamento. Faz entregas e vai bem obrigado. Melhor galinha do Brasil com ¨S¨.



Milton e Papai Noel já comeram a galinha do REX.

BAR DA BALA (GONZAGUINHA)

Lendário local localizado num lindo casarão que faz esquina com três ruas. Matoso, Iguatemi e Pereira de Almeida. Mario comanda. Portas arriadas atualmente, mas Mário sempre está com uma delas aberta pra ficar olhando o movimento da rua. Provável que alguém beba lá dentro no disfarce. Confesso que temo pelo futuro do local. Estou sempre na vigia.



Mário vê a tv de 14 polegadas.



Sr. George no sofrimento diário.

MONTE CARLOS:
Fica na Matoso, em frente ao Mundial. Depois da reforma não é mais o mesmo, tirou inclusive o orelhão que tinha lá dentro. Mas tem importância, serve café e cachaça para o pessoal do carreto no supermercado. Vai bem. Confesso que lambo ali ainda quando saio das compras.

GALINHEIRO:
Aviário Santa Rita. Fica na Matoso 38. Tá aberto como sempre. Vende galinhas, panos, vassouras, rodos, ovos, ração, carvão... Infelizmente não tem tido coelhos ultimamente. Amanhã vou lá.

BAR BONDE 33:
Esse eu tenho medo. Esses locais não fazem o tal ¨delivery¨. Já viu andrajo fazer pedido de comida? Nem casa têm. Fica na Barão de Iguatemi 46-D. Seu nome faz homenagem à linha 33, Praça da Bandeira - Lapa. Fazia o trajeto Praça da Bandeira - Rua Joaquim Palhares - Largo do Estácio - Rua do Estácio - Rua Salvador de Sá - Rua Frei Caneca - Av. Mem de Sá - Largo da Lapa. Vende orelha no feijão por 10 reais e alimenta com maestria o pessoal local. Não gosto nem de pensar no futuro.


Sem comentários.

TURF PARADISE:
Fica na Matoso 32-B. Reúne os maiores imundos da região. Tá aberto na moita mas não engana ninguém. É imprescindível para a cidade de Andrajópolis, pois faz parte da recreação do povo.

ALMARA:
Paulinho, ah Paulinho. Se você não reabrir eu morro. Tá fechado atualmente. Eu mordo as unhas só de pensar que um dia as portas podem não subir mais. Ferreira Gullar frequenta até hoje. O quadro do Snoopy sumiu de forma criminosa e imperdoável. É um local que segura a onda de muitos desiludidos.




Almara!

NINA:
Cachorra que morreu em 2012 mas era especial no lugar. João cuidava dela. DEP,



Nina com João no extinto bar Matosinho. Pegou fogo.

CRISPIM (SAMU):
Entidade máxima, prefeito dos andrajos. Andou sumido mas tá na área. Pede cigarro e cachaça com gestos como sempre. 



Crispim pedindo fogo em Almara.


Queria que o Brasil todo fosse Andrajópolis mas sei que é apenas um sonho, tudo é complexo hoje. Prefiro sonhar então.

terça-feira, 9 de junho de 2020

BOTEQUIM EM TEMPOS DE PANDEMIA

Última postagem foi em setembro de 2014. Nunca mais me atrevi a escrever algo aqui, apesar de meia dúzia de pessoas me lembrarem da existência deste espaço e pedirem para retornar. Quase ninguém lê blog nos dias de hoje, as coisas ficam cada vez mais rápidas e o instagram e tuíter são ferramentas mais dinâmicas. Talvez seja justamente o motivo que me atrevesse a voltar a escrever algo, pouca gente lerá. O Pileque, outrora Boemia e Nostalgia, foi um passatempo que documentou vários momentos meus em botequins e velhos cantos. Um pequeno baú de instantes em que vivi e vi a vida de outros em um local que amo, o pé-sujo. Fiquem à vontade para conferir as postagens anteriores. Em 2014 nem bar eu tinha, hoje comando o Bar Madrid desde 2015. Muita coisa mudou, mas meu amor pelos balcões calejados continua o mesmo, talvez maior.

Como é sofrida a vida em 2020 para quem ama um bar. Jamais poderíamos imaginar que uma pandemia fosse capaz de deixar vários biriteiros com tremedeira. Mas andando por aí pode-se ver várias pocilgas com aquela meia porta marota. Fazem barricadas com engradados para esconder os soldados armados com o copo, que quase sempre deixam suas perninhas à mostra quando você abaixa a cabeça para ver como está o movimento lá dentro. Triste, pois muito boêmio vai pro caixão nessa, todos espremidos se acotovelando no balcão, sem máscaras e compartilhando os perdigotos da morte. Muitos mesmo sabendo do perigo batem o pé e dizem que vão morrer felizes. O Brasil vive dias macabros e os problemas se acumulam, além do mais tem muita gente solitária que vai se enforcar se não sair pra rua. Mas o certo mesmo é ficar em casa.

Uma de minhas preocupações de hoje é a quantidade de bares que estão fechando em definitivo. Já sei de muitos e suspeito de outros. Os pequeninos, onde se bebe somente em pé e se escarra no chão, dão mais dó. Esses são uma espécie de SUS para muitas almas dilaceradas pelo mundo moderno que não deu certo. Onde irão se escorar essas pobres pessoas que fazem do balcão sua muleta? Onde terão um pouco de ilusão? Essa doença do capitalismo está colocando o humilde para pagar o pato. É como uma guerra. 

Pretendo neste retorno lembrar de velhos tempos e documentar o que está acontecendo hoje nestes "bunkers" que estão em extinção e abrigam busilhões que brincam com o perigo em dias doentes.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

BAR DO SEU FERNANDO

Semana passada fui fazer uma visita ao meu amigo Paulinho, do Bar da Portuguesa. O bar fica em Ramos divisa com Olaria, local bem bacana e na minha opinião é um dos melhores da cidade. Como estava com tempo, resolvi sair mais cedo de casa para dar uma volta pelas ruas do bairro. Peguei o trem na Central, sentido Gramacho, e em quinze minutos já descia na estação de Olaria. O dia estava perfeito para passear. Escolhi uma rua, entrei nela e fui andando devagar, chutando folhas no chão, com as mãos pra trás e assobiando Pixinguinha. Observava detalhes das belas casas e olhava a criançada brincando na rua. Alguns bares começaram a aparecer e decidi que poderia beber uma ampola antes de chegar na Portuguesa. Então comecei, sem pressa, a caçar um que fosse de meu gosto.


O bar

Bastaram dez minutinhos para que avistasse o que procurava, e antes de entrar ainda fiquei um pouco do outro lado da rua apreciando o local. Quando entrei fui atendido pelo João, gente fina, e pedi minha Brahminha. Estava no grau, de doer os dentes. O bar não tem nada de especial para comer, mas alguns bolinhos bacanas estavam no balcão, o tradicional ovo amarelo, amendoim, pele e até salsicha Viena da lata. E pelo que pude perceber, a falta de um menu rebuscado não espanta a freguesia do boteco. O botequim fica numa esquina bacana, Felisberto com Custódio, e gente que trabalha por ali mais alguns moradores de casas vizinhas - estes são maioria, diga-se de passagem - são os que descansam os cotovelos no balcão ou nas tradicionais mesinhas com tampo de mármore e pés de madeira. Casa antiga, tradicional, daquelas que falamos que parou no tempo mas que tem enorme importância nos dias de hoje. O nome do boteco é Bar Polveirinha, mas todos chamam de Bar do Seu Fernando, avô de João que fundou o local há mais de quarenta anos e que já morreu. Dona Marina, uma senhora bem simpática, é viúva de Seu Fernando e ainda trabalha ali.


Carta de drinques

Balcão lateral

Balcão frontal


Dona Marina na labuta


Não demorou muito tempo para começar a bater um papo com alguém, é assim que a banda toca num recinto de respeito como o que estava. Confidências são ditas ao que está ao seu lado mesmo sem nunca ter visto o sujeito, como se ele fosse amigo longa data. Conversei com um senhor de bigode, não lembro qual era sua graça, que estava primeiramente no balcão e depois foi para a mesa ao meu lado. É freguês da casa, mora ali ao perto. Fumava Derby com piteira, usava um relógio antigo e admirava a rua com esgar de felicidade. Gente boa. Num dos papos, em que um caboclo que acabara de chegar de bicicleta também participou, falou-se de um mistério. O da bicicleta, que também era da área, disse que seu enteado havia falecido há três anos e tinha sido enterrado de bermuda e com a camisa do Flamengo. Há alguns meses atrás precisou ser exumado e lá foi ele para acompanhar o ato. O homem afirmou, para surpresa geral, que a bermuda já havia desaparecido mas a camisa do Mengão estava lá, intacta, sem nenhum furinho e ainda com cores altivas protegendo o esqueleto do garoto. Houve um instante de silêncio que logo em seguida foi quebrado com gritos: "Mengão é foda"; "Manto sagrado é isso", e outros dizendo que era uma tremenda conversa fiada. Foi um longo debate.


Freguesia da casa

O bar


E assim o tempo passava, quando vi já estava duas horas lá dentro. Olhei pro passarinho na gaiola e o pobre já estava morto de sono. Várias outras prosas vieram e mais gente dava pitaco. Depois da saideira paguei, agradeci a todos pela acolhida e bati perna pra Portuguesa. Foi uma grande descoberta, voltarei em breve.

Até. 

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

GENARO, O TRIPEIRO

Como sabem a Tijuca é um bairro que preza pela tradição e o comércio local é um bom exemplo disso. Passeando pelas ruas tijucanas, sim, na Tijuca se passeia, tenho a sensação de que ainda não estou em 2014, época de tanta parafernalha tecnológica. Alfaiates, antigas lojas de roupas, armarinhos, vassoureiro, barbearias, óticas, loja de doces, são tipos de comércio que estão há décadas no mesmo lugar e moldam a Tijuca que resiste e freia o tempo.

Hoje pela manhã fui ao Largo da Segunda-Feira e bati um papo rápido com um destes comerciantes que fazem o bairro ser singular. Falo do Seu Genaro, o tripeiro, onde aproveitei e comprei o fígado fresco que estava querendo.

Segue o bate-papo:

Torreira: Há quanto tempo o senhor está aqui na esquina da rua Aguiar com Conde de Bonfim?
Seu Genaro : Há mais de vinte anos.

Torreira: O senhor é o último tripeiro da Tijuca?
Seu Genaro: A Tijuca é grande, mas pelo menos mais um eu sei que tem. Ele fica lá na Carmela Dutra, ali perto da "Mesbla".

Torreira: O que o senhor tem pra vender?
Seu Genaro: Hoje eu tenho fígado, rabada, língua, bucho, rim, linguiça e bofe.

Torreira: E essa tradicional bicicleta com a caçamba?
Seu Genaro: A caçamba é antiga, a bicicleta nem tanto. Antiga mesmo é minha licença de tripeiro, tem sessenta anos.

Torreira: O senhor fica aqui o dia inteiro?
Seu Genaro: Fico pela manhã, minha mercadoria é fresca e por isso vou embora por volta das 13 horas.

Torreira: E como é sua freguesia?
Seu Genaro: A maioria mora por aqui e compra há anos, gente fiel que prefere comprar comigo do que em mercados grandes. Tem gente que não mora por aqui, mas trabalha, que compra também.

Torreira: Pensa em largar o ramo por se tratar de um comércio antiquado?
Seu Genaro: Não. Como lhe falei tenho meus fregueses aqui e me sinto bem no bairro. Esta é uma boa esquina.


Seu Genaro e seu comércio

Detalhe na mercadoria


Está aí mais uma prova da simplicidade de um bairro que vive o presente com os pés na tradição. Nada enfraquece seu cotidiano e quem vive aqui não quer sair. Salve a Tijuca.

Até.

quinta-feira, 31 de julho de 2014

CHOPERIA TITO

Neste último sábado finalmente conheci a Choperia Tito, em Ponta Grossa, Paraná. Meu amigo Eduardo Goldenberg vivia me falando que precisava beber o que ele acha o melhor chope do Brasil e incluso já escreveu sobre isso aqui. Uma "comitiva" saiu do Rio de Janeiro e se somou com amigos de Curitiba para beber no local e viver um dia emocionante e histórico. Vejam mais detalhes de como tudo ocorreu no texto de hoje do Buteco do Edu aqui. Falarei nestas humildes linhas sobre o bar, que realmente é uma coisa fina, muito fina.

Às 08h50m da manhã já estávamos na porta. Ao perceberem o barulho do lado de fora, os irmãos Hudson Wiecheteck e Anderson Wiecheteck, que já estavam avisados que teriam visita de longe, abriram o local. Entrei, os cumprimentei, dei a primeira olhada rápida na decoração nostálgica da choperia [sou um nostálgico], mas na verdade queria logo beber o líquido sagrado. Estava um pouco afoito, era muita coisa boa pra se viver naquele dia. O Anderson foi pra dentro do balcão, pegou as belas e antigas tulipas de cristal, se posicionou diante da chopeira de 1.956, que somente ele comanda, e começou tirar. Era o primeiro chope do dia, às nove em ponto. Fiquei olhando com atenção e percebi que o modo diferente em que tira o chope - muito paciente, realmente um artista na torneira - e a pressão da chopeira resultam numa linda e firme espuma. Fica impressionante de se ver. Depois de brindar com os amigos apreciei com calma a bebida e gostei muito. Fiquei com medo da temperatura não estar boa pois a tirada é um pouco mais longa do que o comum, mas nada disso. Chope gelado! Achei que a tulipa ajudou a melhorar mais ainda o estupendo chope. Depois de entrar em velocidade cruzeiro e beber vários, posso afirmar que está entre os melhores que já bebi, sem dúvidas.

Anderson no comando e o grandioso chope .


A Choperia Tito foi fundada em 1.933 pelo alemão Germano Betz e na época tinha o nome de Bar Deliciosa. Em 1.942 o Seu Tito começou a trabalhar no local  como garçom e dois anos depois comprou o negócio, que ficava na avenida Vicente Machado. Em 1.956 o bar mudou de endereço para a avenida Coronel Dulcídio. Hoje quem comanda o pedaço são os netos dele, Hudson e o Anderson. Seu Tito, que completa noventa anos no próximo 3 de março, segue firme e forte e bate o ponto quase todos os dias. No sábado ele estava lá, ajudando dentro do balcão e contanto curiosidades do bar para nós, sempre muito simpático e disposto. A pequena choperia, que na verdade é um magnífico botequim, tem um lindo balcão de fórmica nas cores vermelho e azul original dos anos cinquenta. Placas antigas de bebidas estão espalhadas pela casa, engradados de cerveja bem antigos, de madeira, uma chopeira de madeira com bomba manual, um lindo espelho da tradicional e finada Fábrica de Chapéus Cury, de Campinas, um cuco, igual ao que tenho em casa, ainda trabalhando, um termômetro de uma ótica antiga e mais uma infinidade de coisas que dão uma cara singular ao lugar. Detalhe, nada foi comprado para servir de enfeite, o bar simplesmente é assim desde os anos trinta, tudo original, quase sem alterações.

Parte das raridades.

Prateleira.

Caixa. [Foto: Gus Moraes Rego]


Seu Tito na labuta.


Bebidas quentes também podem ser apreciadas na casa e algumas são raras. Mas nem todas estão à venda e muitas ainda descansam fechadas. O Hudson me contou que tempos atrás encontrou várias garrafas lacradas enroladas em jornais dos anos cinqüenta que o seu Tito havia comprado. Foi uma surpresa e elas agora fazem parte da história da Choperia. O Gus, um amigo da comitiva, bebeu uma dose de Velho Barreiro "safra" 1.978. Eu estive com um exemplar de Dreher ano 1.962 e uma garrafa de 51 com rótulo bem antigo na mão. Para beliscar a casa tem bolinhos de carne, rollmops, empadas, azeitonas, porção de queijo, de lombinho, amendoim...


Preciosidades quentes. [Foto: Anderson Wiecheteck]

Velho Barreiro de 78.  [Foto: Gus Moraes Rego]


A Choperia Tito mistura história, tradição, cordialidade e qualidade, por isso é mais do que especial. Notem que faço afirmações que parecem de um veterano no balcão do bar, mas foi apenas minha primeira ida. E que ida! Fiquei até fechar e saí satisfeito como uma criança ao sair do Tivoli Park depois de ir à todos os brinquedos duas vezes. Para terminar, já ia esquecendo de dizer, o Hudson é fã do grande pianista Jerry Lee Lewis. Por causa disso, bebemos ouvindo Jerry, B.B. King, John Lee Hooker, Freedie King, Elvis e vários outros nomes do blues e rockabilly. 

É, a Choperia Tito é isso tudo mesmo. Voltarei o mais rápido possível.

Até.

quarta-feira, 30 de abril de 2014

BAR DO JOEL

O nome do bar é Guanabara, não confundam com o Super Guanabara da Conde de Bonfim, mas todos conhecem como bar do Joel. Joel, que conheço há uns dez anos, era gerente do galeto Columbia da Haddock Lobo e há uns dois anos comprou este boteco que fica na Praça Afonso Pena, na Tijuca, bem ao lado do Figueiredo, o Rei da Chinelas (veja aqui). Ele trabalha mais na parte na manhã, e à noite quem costuma comandar o local é seu sócio, o Sr. Maurício. É um pé-sujo tipicamente tijucano, pequeno e aconchegante. Tem um balcão que acomoda uns cinco cotovelos e uma calçada que acolhe algumas mesas. Os fregueses são do bairro, em sua maioria de cabelos brancos, e quase todos se conhecem. Os mais antigos têm lugar cativo, como o Sr. Julio, que fica no fundo perto do freezer e o Beto, que sempre fica em pé na porta, na ponta do balcão. O bom ambiente que tem o boteco, junto com as boas bebidas e os excelentes petiscos fazem com que ele fique cheio quase o dia inteiro.

Bar cheio.

Senhor se refrescando.

Sr. Julio.

Mais um senhor desfrutando do balcão.

Patota na calçada.


Tem um senhor de barriga invejável que vai lá todos os dias, me foge o nome dele agora. Ele só bebe Teacher's, umas três ou quatro doses por vez, e depois vai para um subsolo ali ao lado apostar nos cavalos. Além da cerveja que vem trincando, as batidas de limão e gengibre são muito apreciadas. Apesar de ser acanhado, o botequim também tem uma considerável quantidade de cachaças artesanais, além dos vinhos de garrafão.

Os petiscos da casa são covardia, autênticas iguarias de bar decente. A sambiquira, ou sobrecu de galinha, é sempre disputada. Sai todos os dias na parte da tarde e o tabuleiro fica pouco tempo na estufa. O pernil banhado no saboroso molho da casa sai de manhã, e também não tem sossego. Muitos fazem compras no Pão de Açúcar antes do almoço e atracam lá para beber e bicar um pernilzinho. Ocorre o mesmo com a carne assada na farinha. O jiló no alho é o preferido do Joel, que sabe que o sabor do acepipe é magnífico. Ainda tem uma barriga de porco no vinho tinto, que tive o prazer de comer, mas não é toda hora que ela dá o ar da graça. É feita na casa e temperada por um freguês apaixonado por porco, o Antônio, que está sempre lá. E para quem precisa curar qualquer doença, é só pedir o saboroso mocotó na tigela.


Joel e seu jiló.

Cerva da casa.

Pernil.

Pernil sendo devorado.

Barriga de porco no vinho.

Bar do Joel.


O Bar do Joel e as pessoas que o frequentam são mais uma prova de que a Tijuca é um bairro clássico da boemia e resiste à badalações e modas gastronômicas. Isto orgulha o bairro. Vida longa!