sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

QUE VOLTE O GAÚCHO DE SEMPRE

Estou preocupado. No dia 2 de fevereiro o tradicional Café Gaúcho, que fica no largo da carioca, fechou as portas para obras. Fiquei sabendo nesta semana, quando passei por lá para beber um chopp.

Encontrei o meu camarada Leo Boechat passando por ali, imediatamente parou, e ficamos olhando com tristeza o bar silencioso. Fã número um da casa, fotografou o estabelecimento no último dia antes da tal reforma.

Conversamos diante do local, já com palavras pessimistas, e ao mesmo tempo lembrando dos bons momentos. Esperamos que nosso honesto chopp de balcão, nossos sanduíches de linguiça e pernil, nossas empadas de palmito e camarão, e várias outras delícias da alta gastronomia, não morram.

Fica aqui esta nota apreensiva, na esperança de que seja apenas uma manutenção elétrica.





Até.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

BAR DA DONA ANA

Passei a semana passada inteira em São Paulo trabalhando, e valeu a pena. Estava há tempos querendo beber uma cerveja com meus amigos de lá. Na terça, por exemplo, finalmente conheci o famoso Sabiá, bar muito bacana do barbudo Szegeri. Ele não sabia que eu estava em sua terra, e quando cheguei de surpresa foi uma festa só. Armei tudo com o meu irmão Favela. Ainda por cima tive o prazer de conhecer o velho Zé Szegeri. Quanta honra.

Na quinta, o Szegeri não pôde dar o ar da graça pois sua pequena estava adoecida, então a responsabilidade ficou nas mãos do Favela. Acho que não poderia ser melhor.

Este dia, 29 de janeiro de 2009, jamais esquecerei.

Peguei o metropolitano até a estação Tiradentes, e às 19hs, conforme combinado, me aguardava o Favela. O cara me levou em cada lugar da Barra Funda... Me senti em casa em todos eles, tudo muito parecido com o meu cotidiano aqui do Rio. Tive a oportunidade de conhecer o templo do Anhanguera, foi emocionante. Estar no campo, nos salões, na cancha de bocha... Fomos para dentro do campo, pisar no gramado, e enquanto isso ele me contava as belas histórias que por ali ocorreram durante os oitenta anos de existência do clube.

Fui na casa do malandro, conheci seus pais, seu irmão Bruno, suas belas fotos de família penduradas nas paredes. Gente que é nossa, que me faz levantar as mãos para o céu agradecendo por tê-las conhecido.

Bebi no famoso bar do Sinval, bar do seu coração. Conheci seus amigos Bonitão e Gilmar, personagens dos belos contos que meu amigo escreve no Anhanguera.

Foi muita coisa para uma noite só, mas depois de tudo isso relatado, quero deixar aqui uma recomendação. Visitem o Bar da Dona Ana!

O botequim da Dona Ana foi o primeiro que conheci nesta noite, e entrou para minha lista de preferidos. Ele fica no bairro Bom Retiro, colado com a Barra Funda, defronte a 2º DP, na esquina das ruas Jaraguá e Italianos. Só o Favela pode ser mais preciso do que isso.

Entramos e fomos logo pedindo duas barrigudinhas da Brahma, que infelizmente sumiram dos balcões cariocas há décadas. Geladíssimas estavam, de trincar os dentes. Batatinhas calabresas, mesmo dentro da estufa, perfumavam o lugar. Pedimos. Como no bar Trás-os-Montes, na rua do Matoso (vejam aqui), a farta porção de batatas custou 1 mísero barão.

Dona Ana é uma simpática portuguesa de setenta e seis anos, cinquenta de Brasil, e cinquenta neste bar. Esteve proseando conosco, contando de sua vida, de seus fregueses. Diz que em seu aniversário a rua fecha para uma grande festa, deve ser de arrepiar. Há vinte anos seus dois filhos, que segundo ela estão bem de vida, fazem sua cabeça para que pare de trabalhar. Ela não dá bola para eles, portanto, há duas décadas. Diz que seu cotidiano é aquele, sua vida é ali.



Só que este ano o cansaço está sendo mais pungente com esta senhora, que anunciou em primeira mão para estes dois homens atentos do lado de fora do balcão, que vai pendurar o pano de prato que carrega no ombro. Parece que deste ano não passa. Favela deu a idéia de se fazer uma festa na rua, e ela ficou toda contente já pensando no tal dia.

Depois de enfileirar algumas Brahmas diante de nós, que saíam com aquela "capa-branca" da geladeira, fomos embora.

Vos afirmo que este é um pé-sujo para ser de cabeceira, frequentado diariamente. Já tenho ganas de voltar, e farei em breve.

Corram meus amigos, corram, pois tempo ainda há.

Até.