quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

A CAVERNA DE CORDOVIL

Estive de férias alguns dias atrás e resolvi andar por aí, pelas ruas de minha cidade. Fiz pedaladas e andanças etílicas e conheci lugares interessantes.

Dia desses resolvi pegar o trem na central do Brasil e escolher uma estação para descer. Peguei o ramal Central-Vila Inhomirim, e chegando na oitava estação, que era Cordovil, larguei o trem. Andei uns três quarteirões fazendo o reconhecimento local, até que fui parar na rua Aragão Gesteira, uma rua com um campo de terra onde uma pelada rolava solta. Embora nublado, fazia um calor infernal, e logicamente que já estava pensando numa gelada. Gostei do pedaço por causa do campinho e fui catar uma bar nas proximidades. Olhei um de esquina que não me agradou, parecia uma padaria, e um pouco depois, na mesma calçada, vi um pessoal encostado numa porta fazendo um fuzuê danado. Ao entrar pela porta, meus caros, me dei conta que estava numa caverna em forma de birosca! Pensei comigo: - É aqui!!!

Uma imensa bandeira do Botafogo sobre o balcão e inúmeros pôsters do alvinegro colados na parede denunciam o time do coração de Seu Osmar, o dono da caverna. A clientela, de alta estirpe, falava de futebol e o sacaneava, pois na época o fogão ainda estava quase rebaixado. Os urros que vinham de dentro do boteco ecoavam do lado de fora chamando a atenção dos transeuntes. Eu, que entrei e pedi uma Brahma, que veio mofada, estava com a camisa do America. No primeiro instante tentaram zombar de mim por torcer pelo time tijucano, mas logo voltaram as atenções para o Osmar novamente. Coitado. Mas o homem não estava nem aí, e com um esgar sereno levava tudo na brincadeira.

Atrás dele, no altar da caverna, incontáveis garrafas de cachaça 51 estavam postas nas prateleiras. E como se bebe pinga no local, vixe Maria. Derrubei algumas Brahmas jogando conversa fora com o pessoal e nem percebi que já estava há umas três horas lá dentro. Quando anunciei que iria embora, o Rato, o grandão de casaco vermelho da foto, pediu para que esperasse cinco minutos, pois sua mulher estava trazendo uma comida. Pedi a saideira, e em pouco tempo entra a senhora do caboclo com uma bandeja enorme de empadão de galinha, que comemos até encher o bucho. É claro que solicitei mais líquido para o empadão descer.


Foi uma tarde bem agradável, e mais uma vez com pessoas que nunca havia visto antes. Isso prova que o botequim é o lar dos bons, o hospital das almas, o porto seguro dos desamparados, o exterminador de inimizades.

Até.