terça-feira, 9 de junho de 2020

BOTEQUIM EM TEMPOS DE PANDEMIA

Última postagem foi em setembro de 2014. Nunca mais me atrevi a escrever algo aqui, apesar de meia dúzia de pessoas me lembrarem da existência deste espaço e pedirem para retornar. Quase ninguém lê blog nos dias de hoje, as coisas ficam cada vez mais rápidas e o instagram e tuíter são ferramentas mais dinâmicas. Talvez seja justamente o motivo que me atrevesse a voltar a escrever algo, pouca gente lerá. O Pileque, outrora Boemia e Nostalgia, foi um passatempo que documentou vários momentos meus em botequins e velhos cantos. Um pequeno baú de instantes em que vivi e vi a vida de outros em um local que amo, o pé-sujo. Fiquem à vontade para conferir as postagens anteriores. Em 2014 nem bar eu tinha, hoje comando o Bar Madrid desde 2015. Muita coisa mudou, mas meu amor pelos balcões calejados continua o mesmo, talvez maior.

Como é sofrida a vida em 2020 para quem ama um bar. Jamais poderíamos imaginar que uma pandemia fosse capaz de deixar vários biriteiros com tremedeira. Mas andando por aí pode-se ver várias pocilgas com aquela meia porta marota. Fazem barricadas com engradados para esconder os soldados armados com o copo, que quase sempre deixam suas perninhas à mostra quando você abaixa a cabeça para ver como está o movimento lá dentro. Triste, pois muito boêmio vai pro caixão nessa, todos espremidos se acotovelando no balcão, sem máscaras e compartilhando os perdigotos da morte. Muitos mesmo sabendo do perigo batem o pé e dizem que vão morrer felizes. O Brasil vive dias macabros e os problemas se acumulam, além do mais tem muita gente solitária que vai se enforcar se não sair pra rua. Mas o certo mesmo é ficar em casa.

Uma de minhas preocupações de hoje é a quantidade de bares que estão fechando em definitivo. Já sei de muitos e suspeito de outros. Os pequeninos, onde se bebe somente em pé e se escarra no chão, dão mais dó. Esses são uma espécie de SUS para muitas almas dilaceradas pelo mundo moderno que não deu certo. Onde irão se escorar essas pobres pessoas que fazem do balcão sua muleta? Onde terão um pouco de ilusão? Essa doença do capitalismo está colocando o humilde para pagar o pato. É como uma guerra. 

Pretendo neste retorno lembrar de velhos tempos e documentar o que está acontecendo hoje nestes "bunkers" que estão em extinção e abrigam busilhões que brincam com o perigo em dias doentes.

2 comentários:

Unknown disse...

Parabéns pela volta do Blog !!! Lia todas as postagens do Boemia, época muito boa !!! Vou acompanhar essa volta !!!

Unknown disse...

Opa... sabia da volta nao. Muito bom te ler por aqui também