terça-feira, 10 de março de 2009

BAR DO MAURÃO

Na minha última passagem por São Paulo o bar do Maurão encantou-me profundamente. Fica num bairro bacana [Casa Verde], numa rua de respeito [rua Dobrada, sente o naipe], e está cheio de caboclos da melhor qualidade.

No momento em que cheguei o carteado comia solto, e as gargalhadas bárbaras vinham acompanhadas dos socos na coitada da mesinha da jogatina. Viraram-se ao perceber que o Favela acabara de pintar no pedaço comigo. Mais uma vez o meu irmão da Barra Funda comandou a noite etílica, e logo foi me apresentando aos seus camaradas.

Uma máquina de assar galinhas é usada como armário logo na entrada do bar, uma mesa de sinuca mais velha do que minha bisavó descansa no meio do salão, o balcão é todo acolchoado [como os balcões dos puteiros mais vagabundos], e o banheiro é um luxo só. Essas são algumas das pitorescas características deste botequim ímpar.

A carta de bebidas quentes é uma covardia para os mais fracos que chegam desavisados, e a cerveja gelada põe respeito ao sair fumegando da geladeira.

O Maurão, um coroa de uns sessenta anos, tem um cabelo medonho pintado de amarelo ovo. A rapaziada vive caçoando dele, e quando ele enche o saco some do bar e deixa a freguesia esperando com a boca seca. Os impacientes chegam a pular para dentro do balcão em busca do refresco de cevada.


Bebedor local.


O carteado.


A mesa de bilhar.


A televisão de cachorro servindo de armário.


O balcão acolchoado e o Maurão.


Bebidas com fartura.


Altar.


Foi nesta bela noite, e neste belo lugar, que conheci um homem muito bom. O corintiano Zé Augusto [parceiro de primeira linha do Favela], conversou horas comigo. Bebemos cachaça pra cacete, cerveja até dizer chega, e depois ainda partimos dali para o Sabiá. O Zé é um cidadão que eu gostaria de ter conhecido há uns dez anos, para já tê-lo como amigo há pelo menos uma década. Grande figura, grande coração, muita simplicidade. O homem é foda.



O fabuloso Zé Augusto.


Este botequim está definitivamente entre os dez melhores que já fui, sendo assim é minha obrigação sempre que for à São Paulo bater o ponto na rua Dobrada. Este canto de verdadeira boemia é justamente o que fãs dos bares cospe grosso, como eu, desejariam ter em suas esquinas.


Defino como um boteco do caralho.

Até.

4 comentários:

Szegeri disse...

Grande Zé Augusto, que brevemente vai estrelar um filme sobre a vida do inesquecível Mussum!

Felipinho disse...

Porra, Szegeri, pior que nessa foto tá parecido mesmo.

Arthur Tirone disse...

A Dobrada é a melhor Rua do mundo! Esteja certo de que bebeste também com o Zulu naquela noite, mano.
Beijo.

ipaco disse...

Belíssimo boteco! abs.