Acho que é o bar mais submundo que já frequentei. Putas e bêbados sem lar disputam um canto da espelunca. O bar fica na esquina das ruas General Caldwell e Frei Caneca, um lugar escuro e largado da cidade, onde depois das nove da noite só vemos nas redondezas as prostitutas varizentas e barrigudas de quinta categoria (vi um vendedor desses de ônibus que fechou negócio por cinco pratas e o resto com balas) e os cachaceiros que parecem vultos se arrastando pelas paredes dos casarios. Quer dizer, parece cenário do filme do Charles Bronson.
E o que me levou a beber neste buraco? Pois é, eu sempre passava diante dali e nunca tive o interesse de entrar, era como se fosse um boteco proibido. Até que um dia, conversando com o Schneider, um velho parceiro conhecido como "O caçador de Marimbondos", fiquei sabendo que apesar do lado sombrio do local existiam muitas mofadas dentro das geladeiras. Ele só bebe marimbondo, mas jura que viu as ampolas. Bom, dito isso, lá fui eu.
Apareci no botequim um ou dois dias depois e pedi Brahma, mas o homem que me atendia de dentro do balcão me trouxe uma Antartica. Ao pousar a cerveja no balcão me explicou que só trabalhava com esta marca pois era a que todos pediam e a que ele preferia. Bom, é isso mesmo, o boteco só vende Antartica. Eu, que não sou trouxa e vi a espessura da capa de gelo que envolvia o casco, mandei abrir. A bichinha estava trincando o marfim, o Caçador de Marimbondos estava certo.
Estabelecido no meu canto, resolvi dar uma olhada na clientela. Tinha um senhor de camisa azul e óculos que parecia uma estátua, e somente se mexia pra levar o copo à boca, depois voltava com elas para o queixo. Outro estava na mão do palhaço, a cada gole que dava chamava por uma mulher de nome Marisa. No balcão, ao fundo, três moças se arrumavam para o trabalho retocando a maquiagem no espelho rachado do banheiro. Depois disso uma delas, a maior, pediu um sanduíche de carne seca e guardou na bolsa pra mais tarde.
Eu derrubei cinco garrafas sem pressa, e durante esse tempo, cerca de uma hora, fiquei olhando o homem-estátua, o cachaça chamando pela Marisa, e o entra e sai das trabalhadoras vaidosas. Isso é o Tondela, o hotel de luxo dessas pessoas, o abrigo necessário para os que vivem na escuridão e um oásis para os amantes de Antartica.
E o que me levou a beber neste buraco? Pois é, eu sempre passava diante dali e nunca tive o interesse de entrar, era como se fosse um boteco proibido. Até que um dia, conversando com o Schneider, um velho parceiro conhecido como "O caçador de Marimbondos", fiquei sabendo que apesar do lado sombrio do local existiam muitas mofadas dentro das geladeiras. Ele só bebe marimbondo, mas jura que viu as ampolas. Bom, dito isso, lá fui eu.
Apareci no botequim um ou dois dias depois e pedi Brahma, mas o homem que me atendia de dentro do balcão me trouxe uma Antartica. Ao pousar a cerveja no balcão me explicou que só trabalhava com esta marca pois era a que todos pediam e a que ele preferia. Bom, é isso mesmo, o boteco só vende Antartica. Eu, que não sou trouxa e vi a espessura da capa de gelo que envolvia o casco, mandei abrir. A bichinha estava trincando o marfim, o Caçador de Marimbondos estava certo.
Estabelecido no meu canto, resolvi dar uma olhada na clientela. Tinha um senhor de camisa azul e óculos que parecia uma estátua, e somente se mexia pra levar o copo à boca, depois voltava com elas para o queixo. Outro estava na mão do palhaço, a cada gole que dava chamava por uma mulher de nome Marisa. No balcão, ao fundo, três moças se arrumavam para o trabalho retocando a maquiagem no espelho rachado do banheiro. Depois disso uma delas, a maior, pediu um sanduíche de carne seca e guardou na bolsa pra mais tarde.
Eu derrubei cinco garrafas sem pressa, e durante esse tempo, cerca de uma hora, fiquei olhando o homem-estátua, o cachaça chamando pela Marisa, e o entra e sai das trabalhadoras vaidosas. Isso é o Tondela, o hotel de luxo dessas pessoas, o abrigo necessário para os que vivem na escuridão e um oásis para os amantes de Antartica.
Salve.