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quarta-feira, 30 de abril de 2014

BAR DO JOEL

O nome do bar é Guanabara, não confundam com o Super Guanabara da Conde de Bonfim, mas todos conhecem como bar do Joel. Joel, que conheço há uns dez anos, era gerente do galeto Columbia da Haddock Lobo e há uns dois anos comprou este boteco que fica na Praça Afonso Pena, na Tijuca, bem ao lado do Figueiredo, o Rei da Chinelas (veja aqui). Ele trabalha mais na parte na manhã, e à noite quem costuma comandar o local é seu sócio, o Sr. Maurício. É um pé-sujo tipicamente tijucano, pequeno e aconchegante. Tem um balcão que acomoda uns cinco cotovelos e uma calçada que acolhe algumas mesas. Os fregueses são do bairro, em sua maioria de cabelos brancos, e quase todos se conhecem. Os mais antigos têm lugar cativo, como o Sr. Julio, que fica no fundo perto do freezer e o Beto, que sempre fica em pé na porta, na ponta do balcão. O bom ambiente que tem o boteco, junto com as boas bebidas e os excelentes petiscos fazem com que ele fique cheio quase o dia inteiro.

Bar cheio.

Senhor se refrescando.

Sr. Julio.

Mais um senhor desfrutando do balcão.

Patota na calçada.


Tem um senhor de barriga invejável que vai lá todos os dias, me foge o nome dele agora. Ele só bebe Teacher's, umas três ou quatro doses por vez, e depois vai para um subsolo ali ao lado apostar nos cavalos. Além da cerveja que vem trincando, as batidas de limão e gengibre são muito apreciadas. Apesar de ser acanhado, o botequim também tem uma considerável quantidade de cachaças artesanais, além dos vinhos de garrafão.

Os petiscos da casa são covardia, autênticas iguarias de bar decente. A sambiquira, ou sobrecu de galinha, é sempre disputada. Sai todos os dias na parte da tarde e o tabuleiro fica pouco tempo na estufa. O pernil banhado no saboroso molho da casa sai de manhã, e também não tem sossego. Muitos fazem compras no Pão de Açúcar antes do almoço e atracam lá para beber e bicar um pernilzinho. Ocorre o mesmo com a carne assada na farinha. O jiló no alho é o preferido do Joel, que sabe que o sabor do acepipe é magnífico. Ainda tem uma barriga de porco no vinho tinto, que tive o prazer de comer, mas não é toda hora que ela dá o ar da graça. É feita na casa e temperada por um freguês apaixonado por porco, o Antônio, que está sempre lá. E para quem precisa curar qualquer doença, é só pedir o saboroso mocotó na tigela.


Joel e seu jiló.

Cerva da casa.

Pernil.

Pernil sendo devorado.

Barriga de porco no vinho.

Bar do Joel.


O Bar do Joel e as pessoas que o frequentam são mais uma prova de que a Tijuca é um bairro clássico da boemia e resiste à badalações e modas gastronômicas. Isto orgulha o bairro. Vida longa!

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

CANTINHO DO CÉU

Em algum domingo do último mês de dezembro, logo após chegar em casa da pelada dominical, senti uma sede aguda, daquelas de deixar a goela bem seca. Era sede de cerveja. Fui pensando qual seria o bar da vez, a Tijuca é um local privilegiado nisso, e para quem é fã de um belo balcão o bairro é o paraíso. Estava me dirigindo ao Columbinha mas sem querer dei um olhadela para o lado esquerdo e vi o aconchegante e pequeno Cantinho no Céu, portentoso boteco tijucano que não pisava há tempos. Cruzei a Haddock Lobo e em questão de segundos já estava acomodado numa mesinha de canto, que por sorte é minha predileta. Puxei uma ampola. Ao meu lado um coroa com boné do Flamengo conferia o resultado dos cavalos falando com entusiasmo que apostara no Zatopek, na outras haviam experientes locais que tagarelavam sobre probabilidades de resultados do campeonato nacional de futebol, que estava nas últimas rodadas. Depois dessa analisada no ambiente, examinei rapidamente o quadro com os pratos do dia e depois o que tinha na estufa. Decidi rapidamente por uma bela carne assada com legumes cozidos. A comida simples de botequim é o carro chefe da casa, sempre bem feita e com porções honestíssimas. Os beliesquetes são caprichados também, como as orelhas de porco, que adoro. Pra quem é da casa está liberado ir ao mercado ao lado, caso queira, comprar algo para alegrar o estômago (azeitonas, por exemplo) e consumir no bar. Coisas do bairro. Veio minha refeição, que estava com boa pinta, e para ficar mais bonito pedi a pimenta da casa e um pouco de farofa.




Logo em seguida, apareceu um senhor bem vestido, calça e sapatos sociais, blazer, camisa do Vasco e vários elásticos no pulso direito. Se aproximou e com educação pediu dinheiro para comida. Disse para que sentasse e lhe perguntei o nome. Era Jorge. Aproveitei o momento e perguntei também se ele se importava em almoçar ali comigo. Em poucos instantes comíamos juntos, ele quis carne assada com macarrão. Papeamos, o senhor sabia das coisas, e ele me falou que morava nas esquinas, mas tinha uma uma preferida, a da Afonso Pena com Martins Pena, perto de uma padaria que tem ali. Disse também que ficara surpreso com meu convite pois ela era negro e morador de rua. Conversamos sobre samba, futebol, mulher e outras coisas mais. O Jorge é salgueirense, vascaíno e compositor, cantarolou duas de suas autorias, "Um amor de Jacarepaguá" e "Sina". Me deu uma zombada dizendo que era America também, pois segundo ele todo tijucano é America. Mostrei minha insatisfação, de leve, com tal argumento. Fiquei impressionado com seu amor pela Tijuca, disse-me que gosta de tudo que diz respeito ao bairro. Assim que acabou de comer pediu licença para ir. Lhe ofereci um trocado mas recusou, falou que preferia levar uma garrafa d'água sem gás. Dei-lhe o jornal também, pois queria ler as notícias. Atravessou a rua com aparência de satisfeito e foi embora. Pedi mais duas, vieram mofadas, os coroas da mesa ao lado já tentavam lembrar letra de samba batucando nas mesas, uma senhora passou com o carrinho de feira cheio de compras e o porteiro do prédio ao lado palitava os dentes. Paguei, subi  a ladeira e fui descansar. Salve a Tijuca e o Cantinho do Céu.

Abaixo alguns momentos de nosso papo:







Até.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

C. B. ESTUDANTIL, O VALENTE TIJUCANO

Falando mais uma vez de bares, o grande propósito deste espaço, venho hoje escrever-lhes sobre o Café e Bar Estudantil, valente boteco tijucano. Digo valente porque este pé-sujo, também conhecido como Bar do Xoxó, resiste bravamente aos riscos diários de sucumbir à modernidade. Isso deve-se muito ao dono da birosca, mas principalmente aos fregueses, que são fiéis. Conheço quase todos, são figuraças. Temos o Benito de Paula preto, a Sem Família, o André, o Jorge, o Pica-Pau [que anda sumido], o velho do tique nervoso, o gordo da rádio Manchete, o Gattito, a mulher do cachorro, o bigode da loja de tintas... 

A primeira história que vou contar do local é um mistério. O bar é apertado, cotovelos batalham bravamente por um espaço no balcão, e para entreter o pessoal tem uma tv de quatorze polegadas que funciona na base do bombril. Pensando em melhorar o serviço, o Xoxó comprou [ou alugou, não sei] a loja colada ao bar, que era uma farmácia, e ampliou o local. Colocou mesas bacanas de madeira, fez uma pintura legal e comprou uma televisão dessas grandes e finas. Mas para assombro geral, o novo espaço fica praticamente vazio, os fregueses acharam limpinho demais, não sentiram-se à vontade e preferem o balcão velho e a tv com bombril. Coisas de um bairro chamado Tijuca.

...

Presenciei dia desses por lá algo que teve o Jorge como protagonista. Era uma noite de domingo, coisa das vinte horas, e tinham uns cinco coroas reunidos na porta do boteco, todos da área, completamente mamados. O Jorge, que já tinha passado ali para bater o ponto, teve que ir ao mercado e na volta iria passar novamente pelo Estudantil antes de entrar em casa, era caminho. Pois bem, quando ele aparece na esquina, com umas quatro sacolas, o pessoal começou a gritar:


- Senta aqui pra saideira! 


- O que compraste no mercado?!


O Jorge não precisou de insistência e sentou para beber mais uma. Todos já estavam com a pança cheia de churrasquinho do Gattito. De cerveja nem se fala. Até que um malandro puxa um pote que estava em uma das sacolas do Jorge e urra da calçada: 


- SORVETE!!! Vamos abrir! É passas ao rum, porra! 


E o Jorge: 

- Minha mulher pediu pra comprar, aí é avacalhação!

Mas os outros da turma queriam também: 

- Ah, deixa a gente abrir, cacete, precisamos de sobremesa. Fala pra tua senhora que não tinha. 

O Jorge, grande torcedor do Botafogo, cedeu facilmente, tudo pela amizade:

- Vamos comer essa bagaça, então, mas eu me sirvo primeiro. 
- Ô Zé, traga colheres para estes homens! 

E o pote de dois litros esvaziou-se em questão de minutos. Sabe-se lá o que ele falou ao chegar em casa.

...


Há uns dois anos estava eu fazendo um tour etílico pelo bairro com o meu mano de São Paulo, o Fernando Szegeri, o mano carioca, o Edu, e acho que o japonês Craudio estava nessa também. Andamos por uns cinco botecos, fechando todos, mas queríamos a saideira. Não lembro que horas eram, mas já era bem tarde, alta madrugada. Quando chegamos defronte ao Estudantil, era o último botequim a ser conquistado, as portas encontravam-se arriadas. Por um instante bateu-nos a melancolia. Mas ao olharmos com atenção vimos as luzes acesas do lado de dentro, ou seja, tinha gente. Batemos na porta e ao mesmo tempo colocamos um mico [ou vinte mangos] pela fresta pedindo cerveja. Me identifiquei, então o rapaz [acho que era o Baixinho] abriu, nos olhou com esgar sorridente e disse que já estavam saindo e portanto não poderiam esperar que acabássemos a cerveja. Mas ao mesmo tempo [veja como este bar acolhe seus fiéis] disse-nos que nos venderia cinco ampolas e após terminarmos poderíamos deixá-las, junto com os copos americanos, no canteiro da árvore que fica logo em frente ao lugar. Agradecemos ao pobre homem, que estava morto após extenuante jornada laboral, quase de joelhos, como se ele fosse um rei.





...


O Café e Bar Estudantil e eu vivemos inúmeras vezes lado a lado. Numa delas, com meu irmãozinho Arthur Tirone, o Favela, fechamos uma pá de botecos [um deles o antigo Columbinha, dia em que ele conheceu o Berinjela, ícone tijucano] e por último ancoramos lá. Pedimos cerveja, mas em pouco tempo a fome negra da madrugada bateu à porta do nosso estômago. No canto da estufa, um pedaço de costela desamparado comoveu-nos. Mandamos pra dentro, delícia. Noutra vez, voltando de São Januário com o Tito após vermos o Palmeiras e ele levar uma cacetada do guarda ainda na arquibancada, bebemos umas por ali, foi memorável também. Com meu irmão de sangue, o André, que mora ao lado, foram várias ocasiões. Em uma delas presenciamos um senhor e sua viola, que deu seu show ali no balcão para nós, para um cabeça branca que sempre está bebendo sua lata de faixa azul (saudade) e para anônimos que ali estavam ou passavam pela calçada. Coisas que ficam marcadas. Por essas e outras é que afirmo que a valentia do Café e Bar Estudantil é comovente, constrói passagens bonitas na memória da gente que jamais serão esquecidas. Quando você percebe, o tempo é ligeiro, o boteco já faz parte do seu cotidiano, da sua família, de você. Torço muito para que o C. B. ESTUDANTIL seja um parceiro de longa data.



Favela no balcão



A costela que comemos


Noite com meu irmão André

Até.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

PAPAI NOEL LUSITANO NA RUA DO MATOSO

Dia 24 de dezembro de 2012. Véspera de natal e ao mesmo tempo um dia como outro qualquer para os frequentadores dos bares da região. Começo de tarde, eu e mais dois amigos, Léo e Edu, convidamos o Albanês, marido de minha mãe, para mais uma resenha cotidiana no baixo Matoso, já pelas bandas da Praça da Bandeira. Tínhamos fome e por isso o bar escolhido foi o Galeto Rex, que na minha opinião é o melhor. Somos locais no pedaço, portanto logo nos arrumaram mesa e cadeiras, e sem que pedíssemos veio a cerveja. O papo estava legal, ritmo de fim de ano e época em que as preocupações são jogadas para debaixo do tapete. Comemos com vontade a farta comida, o que nos fez calar a boca por alguns instantes. Recolhidos os pratos, as atenções se voltaram novamente apenas para a cerveja, que agora tinha como coadjuvante a generosa dose de Underberg servida no local (nacional, diga-se de passagem). Estávamos bem acomodados, veio até aquela preguiça boa pós almoço. Muito agradável.

Nossa tranquilidade foi interrompida no momento em que um dos cidadãos que estava na calçada do bar ao lado começou a gritar:

- Olha o Papai Noel!!!! É o Papai Noel!!!

Eis que entra na rua do Matoso um Escort azul todo remendado, com alto-falante externo que tocava no último volume os hinos dos clubes cariocas. Estavam coladas no alto-falante, bandeirinhas do Brasil, uma foto de um leão e outra de dois tucanos (?!). Quem dirigia o possante? Era mesmo o Papai-Noel, que estava com sua roupa completa e óculos escuros. O bom velhinho estacionou o "trenó" diante do bar Matosinho (farei em breve a resenha deste bar espetacular) para delírio dos fregueses e mendigos locais. Ao sair de seu veículo, cumprimentou alguns populares e caminhou em direção ao Rex, onde estávamos, seguido pela comitiva de curiosos. Sentou-se no banquinho, pôs o cotovelo direito no balcão e usou a mão esquerda para educadamente chamar o garçom e pedir:

- Uma Brahma gelada e uma galinha, por favor.

Neste momento tivemos a certeza que tratava-se de um Papai-Noel diferente, não por estar comendo galinha e bebendo Brahma, mas por não ser originário do Pólo Norte. Ele falava português, mas com sotaque lusitano!

Albanês correu para brindar com o Papai Noel.


Ficamos curiosos e deixamos ele comer em paz para depois fazermos a aproximação. Eis que, quando ainda estávamos perplexos com a presença de nosso ídolo de tempos de criança, surge, como se nós três estivéssemos sonhando, Milton Nascimento. O músico parecia à vontade, falou com a gente, deu um abraço apertado no Léo e pediu costela com aipim. Falou com o Papai-Noel e dividiu o balcão com ele, disse aos atendentes que já o conhecia há tempos, dos "bailes da vida". Foi um momento único, tenho certeza que nunca vou esquecer deste dia. Emoção ao quadrado, bem na Praça da Bandeira.


  Milton e Papai Noel ao fundo conferindo o saco.

Noel acabou de comer (comeu a galinha sem tirar as luvas brancas), palitou os dentes, deu uma conferida no saco e foi falar com a gente. Era de Portugal mesmo, de Braga, e tinha 73 anos. Velho simpático, falou da dureza de seu trabalho e da jornada que iria ter pela frente naquele dia. Comentou ainda que sempre que podia passava por ali para comer no Rex, que para ele também é o melhor galeto do mundo. Ficou encantado com meu fusca 67, e com toda a educação pediu para sentar no banco do motorista. Disse também que seria um belo trenó, foi um orgulho pra mim. Antes de partir para cumprir sua missão, tirou foto com povo, aumentando mais ainda o clima natalino na região.


 Papai Noel palitando os dentes após almoçar.

     Ele no fusca. Emoção...

   Com os populares.


Milton continuou no bar, ao acabar de comer cantarolou "Travessia" e disse a todos que a energia daquela esquina era muito positiva, o fazia lembrar de velhos tempos.

Foi, meus caros, um dia muito feliz.

Até.

*** As duas últimas fotos são de meu amigo Leo Boechat.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

BRASEIRO MODAS

Está num pedacinho da rua Haddock Lobo, entre ruas do Matoso e Batista das Neves, uma sequência de estabelecimentos comerciais muito antigos, tradicionais e importantes para o bairro. Começando do sentido da mão dos carros, temos: Óticas Nuance, Doceria Popeye, Ervedosa materiais de construção (esta pegou fogo e agora está situada na rua Barão de Itapagipe), Floricultura Flor de Liz, Armarinho Braseiro ou Braseiro Modas, um boteco imundo, um barbeiro mais imundo, porém, há trinta anos ali, uma loja de roupas chiques para senhoras chamada Bidú e finalmente uma loja de móveis chamada "House".

Tenho neste pedaço de rua, meus caros, comércios e comerciantes que estão no meu coração. O motivo? Todos estão lá, no mesmo lugar, desde que passeava por ali no colo da minha mãe, ou antes. O bairro da Tijuca é o que é por causa disso. Passeia-se pelas ruas com a sensação de que estamos andando pela sala de nossa casa. O orgulho de ser tijucano está estampado no rosto dos transeuntes, que sempre fazem questão de mandar acenos, dar tapinhas nas costas ou largar suas sacolas de compras no chão para papear com um vizinho que acabam de encontrar. A Tijuca me dá todos os prazeres da vida, isso basta.

Hoje pela tarde dei um pulo até a Braseiro Modas, fui comprar uma bermuda. A casa está fincada ali há exatos 44 anos, ou seja, desde 1966. As roupas estão expostas em cristaleiras muito bonitas, bem altas, pois o pé-direito da casa deve ter seus seis metros. Camisetas furadinhas, camisas sociais, camisolas, meias sociais, calçolas, cintos elegantes e moda íntima em geral enchem as estantes e mostruários.

Seu Armindo e dona Célia são portugueses e tocam a casa com simpatia tijucana. Andei conversando com ele, e disse-me que ali era uma antiga farmácia antes de abrir a Braseiro. Informou-me também que muita gente veio prestigiar a inauguração, inclusive um famoso do bairro, o Tim Maia. Fiquei mais de uma hora ali e confesso que entrei no túnel do tempo. O bom homem me contou coisas preciosas da redondeza, coisas que um dia compartilharei com todos.

Comprei uma bermuda Pool e uma camiseta amarela da Hering e em troca ganhei o carinho das pessoas queridas do meu lugar.


A fachada.



Vitrine recheada.


Dona Célia ao lado dos cintos América.



Nota de 10 cruzeiros para demostrar a existência do bolso traseiro.



Seu Armindo pegando minha camiseta.



Camisolas.



Bermuda Pool.



Interior da loja.


Camisetas, meias e cuecas.

Até.
obs: Favor não reparar na qualidade das fotos. São de celular.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

UMA ESCOLA TIJUCANA

A Tijuca tem vários colégios, e muito são conhecidos. Temos o Orsina da Fonseca, o Mario Claudio, o centenário Afonso Pena (fez cem anos no último dia 30), o tradicional Colégio Militar, o Colégio Pedro II (onde estudei no ginásio e científico), o Palas, o Baptista, e por aí vai...

Mas o meu sonho mesmo era de ter estudado no gigante Instituto Lafayette, que no final dos anos oitenta virou Fundação Bradesco.

Esta escola foi fundada em 1916 pelo professor La-fayette Cortes, que já começou inovando. Foi o primeiro colégio carioca a preparar os alunos para trabalhos de oficina e laboratório, ou até mesmo para os campos de agrimensura e topografia, química industrial, mecânica, e eletricidade prática. As meninas procuravam os cursos de datilografia e estenografia.

Pouca gente sabe, mas existiam três Institutos Lafayette. O principal era na Haddock Lobo (onde fica a Fundação Bradesco), o segundo na Conde de Bonfim, e o terceiro na Praia de Botafogo nº 348, esquina com Visconde de Ouro Preto.

O imenso Lafaytte da Haddock Lobo tem uma história bacana a ser contada. Aquele espaço todo, aquele palácio imponente (uma espécie de Quinta da Boavista da Tijuca), é do século XIX, e pertencia à um rico negociante da época chamado Jerônimo José de Mesquita (1826-1886), o Barão de Mesquita, que por sua vez era filho de José Francisco de Mesquita (1790 - 1873), o Conde de Bonfim. É isso mesmo. Em 1898 a residência virou um colégio chamado Sul Americano, e depois sim, veio o glorioso Lafayette. Na Haddock Lobo ficavam os rapazes, somente os rapazes.


Foto de 1941 do Instituto Lafayette da Haddock Lobo.


As meninas estudavam no Lafayette da Conde de Bonfim, na antiga sede do Clube Tijuca. Antes do Clube, a casa servia de moradia para o nosso Duque de Caxias. A ala feminina foi abaixo nos anos setenta após um misterioso incêndio, dando o lugar para a Mesbla.


Foto de 1906 do Clube Tijuca, que depois virou a ala feminina do Lafayette.


E o terceiro e último Lafayette, ficava em Botafogo, não é blague. Em 1927 inaugurou-se esta unidade, que era chamada de departamento misto. Ali os meninos e as meninas podiam dividir a sala de aula. Durou até 1944.


Departamento Misto do Lafayette, em Botafogo.

Este era um colégio antológico, histórico, e tijucano. Vive na memória dos moradores até hoje com muito orgulho. Afortunados são os que vestiram aquele uniforme.

Quando passar diante deste monumento, pare, e admire por cinco minutos que seja.

Até.

domingo, 5 de agosto de 2007

INSISTO NOS DOMINGOS

Sim, insisto. Ultimamente este dia da semana está acontecendo de forma exagerada na minha vida. Tudo acontece, e de melhor. O problema é que no final do dia fico praticamente estragado, por isso as palavras são escassas. Simplificarei aqui os momentos vividos hoje para que tenham noção da grandiosidade dos domingos que tenho passado.

O de hoje iniciou-se às sete e quarenta na Praça XV, junto com o Rodrigo Ferrari, meu irmão mais velho. Esperávamos o Fraga para irmos de bicicleta até um destino maravilhoso, a Fortaleza de Santa Cruz. Perdemos a barca das oito porque o pneu da bicicleta do Fraga furou em Botafogo, mas meia hora depois tomamos o rumo da terra de Araribóia. Foi uma pedalada forte e contra o vento até o lugar desejado, mas a paisagem tornou o passeio impagável. A volta foi mais devagar, paramos em Jurujuba no bar no seu Roberto, bebemos meia dúzia de ampolas, como diz o Fraga, e ainda tivemos o privilégio de beber a saideira com o Hélio, camarada que pedala pra caceta pelo estado inteiro.





Neste mesmo bar ligamos para o Simas, brindamos para o Simas, e marcamos de encontrar o Simas no mercado de São Pedro. Estava com seu pessoal todo, inclusive com seu compadre Claudio e com a Clarinha. Sobre a comida só vendo pra crer. Camarão pacas, namorado pacas, enfim, comida pacas.






Pegamos a barca das duas e meia de volta para o Rio e fomos cada um para o seu lado. Antes porém, fiquei de encontrar-me à noite com o Rodrigo na estréia da roda de samba do Pratinha no Estephanio´s. Era a certeza de um fechamento que coroaria mais um domingo estupendo. E para completar este dia que me surpreende a cada semana, somaram-se a nós o Edu, a Dani, a Betinha, o Flavinho, o Simas, a Helô estava também, o Prata (lógico), o Fernando (que vai pedalar conosco na próxima), e vários outros que viveram este dia anormal.




Foram poucas palavras, mas sinceras e suficientes para retratar um dia que valeu por sete. Peço desculpas pela pobreza nos detalhes, mas o cansaço está me vencendo com uma covardia impiedosa.

Quem viveu é sortudo e sabe, e quem não viveu imagina e depois sonha.

Até.

domingo, 29 de julho de 2007

TARDE FRIA

Provavelmente a tarde mais fria do ano. O vento gelado e cortante nos fez esquecer que vivemos no Rio de Janeiro. Pela manhã cada um no seu canto, debaixo das cobertas e com medo da temperatura que dominava o dia no exterior dos aconchegantes lares.

No início da tarde falei com Rodrigo Folha Seca e o Simas, na tentativa de nos encontrarmos para ver o jogo no Joaquim e espantar a friaca com doses de maracujá. Simas topou na hora, e Digão, que estava com seu filhote Miguel, andava preguiçoso, mas resolveu dar as caras também.



Cervejas foram poucas, porém os maracujás acabaram logo. O Joaquim ficou sob pressão boa parte da tarde para que outra leva desse maravilhoso calmante fosse logo preparada. Enquanto isso, o jogo de futebol de prego comeu solto, juntamente com a purrinha e a zarabatana. Sim zarabatana! Semana passada disputou-se um mini campeonato de botão no Rio-Brasília, e hoje um de zarabatana, que foi vencido pelo Miguel. Eu tentei mas não deu, o Digão nem tentou, e o Simas não leva jeito nenhum, como pode-se conferir no vídeo abaixo:



Como estava passando o jogo do Flamengo na televisão, lembramos do querido Edu, que se encontrava em Pouso de Cajaíba, e ligamos pra ele:

- Faaaaaaaaaaaaala Edu! Só estou te ligando para dizer que estamos todos vendo o jogo no Joaquim e pensamos em você. Tá um frio anormal...

A resposta:

- Estarei presente para o segundo tempo.

Ficamos todos surpresos pois pensávamos que Edu voltaria somente na segunda. E acho mesmo que ficamos sem acreditar. Bom, esquecemos o assunto.

Os maracujás apareceram, e nossos corpos que já se encontravam frios se esquentaram e ficaram confortáveis naquele recanto da Tijuca. A chuva que parara minutos atrás teimou em voltar para ajudar a desenhar um dia daqueles. Rodadas de purrinha e futebol de prego voltaram à mesa para matar qualquer possível desânimo, e ainda por cima o Flamengo acabara de empatar uma partida praticamente perdida com o Corinthians, e o meu América acabara de vencer o Guarani, notícia que aguardava ansioso de ouvido colado no rádio.

O dia que já virava noite estava praticamente morto, quando aos quarenta e cinco do segundo tempo dobra a esquina um cara que honra com a palavra, Edu Goldenberg. E não é que o cara apareceu! Conversas foram reiniciadas, novas rodadas vieram para a mesa, e aquele mínimo buraco tijucano tomado por um frio polar jamais visto, foi palco de um momento, nunca pensem que é o mesmo, que sempre surpreende por ser mais intenso a cada dia que passa.


E o dia ainda acabou com Digão me ligando para escutar "Adios Nonino" do Piazzolla via telefone. E o pior foi que eu retornei a ligação para ele ouvir a mesma música.

Coisa de maluco.

domingo, 15 de julho de 2007

IMAGENS DE UM DOMINGO

Camaradas, estou completamente sem condições de escrever algo. Este momento de minha vida se resume apenas em algumas emocionantes imagens. Imagens que falam mais do que minhas insignificantes palavras. Quem viveu sabe do que se trata.

Almoço.


O filho e o pai.


O americano perdedor...


...erguendo o braço do sempre vencedor.


Vieram outros e até apostaram.


Barbada!


O templo.


Felicidade de um campeão.


Companheiras de mesa.


Brasil 3 x 0 Argentina.


Esse de vermelho ganhou, mas o menino deixou.


Mofada.


A turma.


Mais de perto.


Até e beijos a todos.