quarta-feira, 4 de maio de 2011

UM PASSEIO AMEAÇADO

Quase cinco meses após minha última aparição por aqui, volto para dar vida ao blog. Quero lembrar que ele está em fase de transição, coisas novas irão acontecer e textos serão colocados no ar com muito mais frequência. Este grande hiato deveu-se ao tempo dedicado a trabalho e estudo somado com falta de saco.

Bom amigos, o retorno não seria agora mas fui meio forçado depois de um passeio que fiz pela cidade em uma noite da semana passada. O texto de hoje tem a ver com um que já fiz em dezembro de 2009, relembrem aqui, é coisa rápida. Naquela ocasião falava sobre a obra absurda da Petrobrás que estavam fazendo no casco velho do centro, perto ali da rua dos Inválidos com rua do Senado. Pois bem, semana passada recebi o telefonema do Seu Davi, dono desse botecaço aqui, e ele me informou que o bar iria acabar, assim como muitos outros casarios e bares ao redor. Preferi desligar o telefone e combinei para conversarmos ao vivo sobre o assunto. Marcamos na quarta-feira passada e passei por lá depois do trabalho. Ao me aproximar já me assustei com os gigantes edifícios, quase prontros, da nossa empresa de petróleo que contrastam tristemente com casarios seculares. Vale lembrar que a igreja de Santo Antônio do Pobres que foi erguida em 1811, portanto há exatos duzentos anos, está toda cheia de rachaduras enormes e várias outras casas e prédios vizinhos estão na mesma condição. Pedi uma Brahma, sempre gelada, e botamos o papo em dia. O que ele me contou foi simplesmente assustador, a ponto de eu não acreditar no começo. O bar dele, assim como quase um quarteirão inteiro de lindos casarios que deveriam ser conservados e tombados, irão abaixo para que seja erguido um shopping de sete andares. Culpa de capitalistas filhos da puta, que não estão nem aí para a importância do local, como a construtora responsável por isso tudo, a W TORRE, que ergue um concreto estúpido sem responsabilidade alguma.


Triste contraste entre nas duas fotos acima


O espetacular Armazém Senado, que fica ao lado, parece que não sucumbirá, mas tenho dúvidas e preocupações quanto ao seu futuro, pois depois que começar o expediente ali, as pacatas ruas do local virarão um inferno de carros e milhares de pessoas. Como disse no texto de 2009, por que não construir isso em um outro local? A Barra, cheia de modernidade seria o ideal. Não houve um só homem com peito para tomar frente e tentar impedir o absurdo, e agora o Rio de Janeiro e seu povo que o ama, perderá MUITO com mais essa palhaçada.

A prosa durou por três cervejas, e depois decidi fazer um tour para analisar o que podemos perder. Saí do bar do Seu Davi e passei por uns seis bares que estavam com seus clássicos ébrios de cada dia, que estão ameaçados de ficarem órfãos. Bares renomados e imundos como o Araujópolis, Bar do Peixe, Sucos e Balas 1001, Bar do Deda, Sinuca de Bico e outros, talvez não poderão exercer mais o papel de hospital das almas para muitos que necessitam de conforto em seus balcões.

Em todos os bares, bebi cerveja estupidamente gelada e comi autênticos acepipes de botequim. Essa cerveja sempre gelada e os acepipes clássicos e generosos, estão ameaçados. A cultura do São Jorge no Altar, da arruda na garrafa de vidro, do lava-pés, do gole para o Santo antes de sua primeira golada, da amizade eterna, mesmo que seja por uma noite, entre dois desconhecidos, das incontáveis saideiras, a cultura das maravilhosas estantes com bebidas quentes, e várias outras mais, estão ameaçadas naquela região. Uma região histórica para a cidade com lindos casarões e seus sobrados seculares, que perdem para a estupidez do homem, que preferem a grana dos espigões do que a boniteza de lugar.

Para finalizar... Foi um passeio bonito, com tristeza e ao mesmo tempo esperança de não haver uma destruição total. Foi um passeio que pode não acontecer de novo.



Bar do Deda e suas bebidas



Pessoal relaxa no Sucos e Balas 1001



Engenhoca no banheiro do Bar do Peixe.


Balcão clássico do Araujópolis com direito a arruda.


Cerveja trincado no Araujópolis.


Arruda no balcão do bar do Deda.



Fim do passeio na Sinuca de Bico na rua do Resende.


Até.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O DESTINO DE YOLETE

Seu Ary tinha sessenta de dois anos e morava numa casa de vila na Pereira de Almeida, no bairro da Praça da Bandeira. Era casado com Yolete, mulher dez anos mais nova, pudica, que conhecera no colégio Lafayette. Na época Ary trabalhava numa quitanda do tio que ficava ao lado da escola, e a pequena Yolete sempre passava por lá pra comprar fruta do conde, sua preferida. Na verdade, ela era gamada mesmo num menino chamado Isaac, da série posterior, mas o garoto era tão safado com ela, que para tirá-lo de sua mente começou a se envolver com o Aryzinho. Ary e Yolete se casaram depois de namoro e noivado, como manda o figurino, e foram morar nesta adorável vila. Tiveram uma única filha, chamada Ligia. Quando era pequena os vizinhos pensavam que ela era retardada, mas estavam enganados. Ligia, com o apoio dos pais, se tornou uma pianista exímia, e depois de ganhar um concurso internacional foi morar em Varsóvia, na Polônia. Fez questão de levar na bagagem seu primeiro piano, que ganhara de presente de seus pais após grande negociação realizada na Casa Milton da Mariz e Barros. Ligia nunca mais voltou ao Brasil, seus pais apenas recebiam notícias via carta ou telefone.

Yolete, uma linda e atraente senhora de cinquenta de dois anos, era do lar. Havia feito um curso de corte e costura no Instituto Universal Brasileiro, e por isso ganhava uns trocados fazendo pequenos trabalhos nesse ramo. A dona era fascinada por programas de rádio e sempre estava atenta na Nacional para ouvir Ângela Maria, de quem era fã ardorosa. Yolete chegou a ganhar, num sorteio realizado na rádio, uma visita da cantora em sua própria casa. Foi um auê na Praça da Bandeira. Ary, depois que saiu da quintada, aos vinte e seis anos, arrumou um empregaço na Casa José Silva da Miguel Couto, no Centro no Rio. Era a boutique mais badalada e chique do momento, que vendia apenas o último grito em modas. Começou como vendedor de porta, mas como era um cara muito elegante e gostava de roupas finas, chegou a ser o chefe da sessão de ternos. Atendia pessoas importantes da sociedade, inclusive políticos. Ary, ao contrário de sua esposa, era um homem muito extrovertido e boêmio. Falava pra cacete, era presidente da associação de truco da Praça Afonso Pena e gostava de estar nos bares do bairro com seus amigos.



Yolete tinha orgulho do seu diploma. Preencheu um cupom como este.



A Casa José Silva foi importante para a vida de Ary.



Ângela Maria fez questão de passar o café para sua fã da Praça da Bandeira durante a visita.




O casal se dava bem, e Yolete não se importava do marido sair para jogar ou beber uma cerveja pois sabia que o mesmo era trabalhador. Ela saía somente por perto ou para visitar familiares. Ary não gostava de levá-la para passear à noite por causa de ciúmes, mas sempre a levava para conhecer os pontos turísticos do Rio aos domingos. Ela gostava dos passeios, se divertia, esquecia um pouco o cotidiano repetitivo dentro de casa. Aliás, em casa eles se entendiam perfeitamente. Todos os dias, religiosamente, o bicho pegava na cama. Ela deixava a timidez de lado e chegava a ser até um pouco vulgar por causa de seus gemidos sem controle. Era naquele momento que ela libertava a voz aprisionada durante o dia. Ele era apenas um animal em forma de homem, batia no peito e se achava o mais viril do mundo. Este era, definitivamente, o ponto forte do relacionamento. Nos dias de ebulição do casal os vizinhos da vila ficavam espantados. Alguns deles, os marmanjos, tinham sua imaginação atiçada. Qual seria o papel de uma mulher tão calada e quieta dentro de quatro paredes?

Ary era feliz, e a única coisa que lhe incomodava era a ausência de Ligia. Yolete era meio triste por ficar muito tempo só, sentia muito mais falta da filha, mas o que lhe restava era deixar o tempo passar.

Numa segunda-feira depois do almoço, ela liga para o trabalho do marido para avisar que iria visitar sua irmã Cecília que estava doente, nada de grave. Cecília morava numa casa na rua Filomena Nunes, em Olaria. Passaram uma tarde gostosa, comeram bolo de fubá com café e botaram o papo em dia. Às dezesete horas se despediram, pois a lotação já estava para passar. O destino, sempre nos pregando peças, iria entrar em ação para mudar o rumo da vida do casal. A lotação em que Yolete estava voltando para casa bateu de frente, e de forma violenta, no bonde linha 93 que rumava para a Penha. Foi um feio e estrondoso desastre. Quando soube da notícia, Ary correu para o hospital para ver o estado de sua senhora. Ela estava com a cabeça toda enfaixada na enfermaria. Ficou internada por algumas semanas, e além de perder todos os dentes, fez exames que constataram que Yolete perdera a fala e parte da audição. Foi uma tristeza enorme.



O desastre que mudou a vida de Yolete.



Com o passar do tempo, a vida foi voltando ao normal. Ela às vezes sentia dores na cabeça e tentava se acostumar com a nova situação. Ary ficou chateadíssimo. Sentia pena da mulher e ajudava no que podia, mas depois de poucos meses uma coisa começou a lhe incomodar muito, o desejo carnal não era o mesmo. Tinha pena da coitada e não a via mais como um pedaço de pecado. Além do mais, no lugar dos gemidos estridentes que lhe davam tanto tesão vieram os sons fanhosos de Yolete. Ele odiava aquilo, e por isso chinês caolho começou a falhar. Ele mudou de comportamento, ficava o dia inteiro de cara fechada, e seu rendimento no trabalho caiu. Seus amigos de bar e de truco, sabendo da situação, começaram a botar merda na sua cabeça. Veio então a idéia da separação. Ao saber que seu marido estava pensando nisso, Yolete tinha que fazer algo, pois não queria perder seu viril elegante. Desesperada, partiu um dia para a zona do mangue para procurar uma prostituta. Queria ajuda. Na Pinto de Azevedo encontrou Olga, uma polaca grandona e ao mesmo tempo muito simpática. Contou seu caso para ela com sinais e escritas, e deu uns cruzeiros para que a puta gravasse uns gemidos em seu gravador portátil. Olhem como estava a pobre. Pois é, na mesma noite tentou uma sacanagem meio tecnológica, e assim que foram para cama ela apertou o "play" do gravadorzinho e os gemidos da polaca ali estavam. Ary riu, gargalhou, e ela desabou no choro.

O casamento de anos estava abalado. Yolete ficou deprimida, não reagia. Ligia se correspondia com ela com mais frequência mas mesmo assim não bastava. Ary começou a beber como um bode e sempre chegava em casa fedendo e agressivo nas palavras. Sua mulher ficara surda, mas não totalmente, e ouvia algumas das ofensas. Voltara algumas vezes à Pinto de Azevedo, onde para sua surpresa, recebera carinho e ficara amiga de Olga e de outras meninas. Falavam muito de Ligia, pois estava morando na Polônia. Esses dias de situação ruim em casa foram costumeiros, até que numa noite de sexta-feira Ary veio disposto a acabar com tudo. Ele queria outras mas não tinha coragem pois era casado e não tolerava traição, e ainda por cima soube pelos parceiros que sua senhora foi vista na zona. Um bafafá danado se instalou na vila e todos escutavam os berros ofensivos que eram desferidos contra ela. Ele foi o mais canalha possível, não pensou no passado de alegrias e a enxotou de casa apenas com uma muda de roupas. Saiu chorando muito a infeliz, com uma vergonha sem tamanho, como um cão sem dono.

Nos dias seguintes ele foi trabalhar como se nada tivesse acontecido, e sua vida e alegria foram voltando ao normal. Truco, bebida e desta vez mulheres. Depois de duas semanas resolveu ligar para Cecília perguntando se Yolete estava bem, presumindo que ela se refugiara em sua casa, mas a cunhada disse que não a via desde o dia do acidente. Yolete havia sumido. Ele ficou encucado com isso por uma semana mas depois relaxou. Era putaria todos os dias, carraspanas homéricas, mulheres variadas... Seus amigos, quase todos casados, não podiam lhe acompanhar em tudo pois tinham hora para chegar em casa. Os mesmos que falavam para que se separasse botavam o rabo entre as pernas na hora agá. Poucos eram, na verdade só os mais vagabundos pinguços, os que ficavam até tarde da noite com ele. Ary, que já não era um garoto, estava se acabando, e na verdade, no miolo do peito, sentia falta de uma esposa.

Meses se passaram com a mesma rotina para ele e depois de quase um ano soube notícias de sua mulher. Alguém desconhecido comentara no bar que ela havia sido vista numa das janelas da região do mangue. Ele ficou uma arara, mas não teve coragem de ir lá para conferir. Yolete buscara abrigo com a polaca Olga, e ficou hospedada num quartinho em troca de serviços como faxina e costura. Da família, somente Ligia sabia de seu paradeiro, e sempre que podia mandava um dinheiro para a mãe. Yolete pensou que a vida tinha acabado pra ela, mas o destino, o mesmo que lhe pregou a peça do acidente, iria voltar. Como estava desiludida, querendo esquecer de vez o desgraçado do marido, perguntou para a polaca se podia entrar no time das meninas da vida. Olga explicou tudo, detalhou como era aquela vida, mas Yolete não tinha nada a perder e iniciou uma nova profissão. Era tímida no começo, mas depois foi se acostumando até chegar num ponto em que virou a preferida da rapaziada, um loucura. Ela já havia passado dos cinquenta mas estava inteirona, tinha as coxas ainda firmes e roliças, faziam fila por causa dela. O enorme sucesso veio por causa de uma técnica que ela desenvolveu ao longo da jornada laboral, o gengivete. Era basicamente um sexo oral sem dentadura de forma mais pausada. Sei que o troço quando praticado de forma perfeita, era como se fosse um xeque-mate pastor, bastavam quatro movimentos e acabava a brincadeira, o malandro já arriava. A notícia se espalhou e ela não estava dando conta de tanta demanda. Recebeu um dia, numa visita de um gringo dinamarquês, uma proposta para estrelar num filme pornô da Color Climax Corporation, indústria excelente que dava banho nos super 8 americanos. Ela recusou pois tinha medo de aparecer por aí sabe-se lá aonde. Estava certa.


Yolete negou trabalho na CCC para preservar a imagem.


Os amigos de Ary se inteiraram do talento de sua mulher, ou ex-mulher, e depois disso a chacota e humilhação arruinaram o velho homem da Praça da Bandeira e arredores. Perdeu o emprego, os "parceiros", largou o truco e parou de pensar em mulheres. Queria sumir. Num dia de rara coragem passou no prostíbulo, e depois de um ano ficou cara a cara com Yolete depois de encontrá-la. Não estava agressivo, pelo contrário, estava choroso, e assim com esperança suplicou o retorno de sua pudica ao lar. Mas de pudica ela não tinha mais nada, estava com um sorriso radiante. Num ímpeto louco e debochado começou a dançar fazendo malabarismos com suas três dentaduras, gargalhava emitindo sons fanhos alucinados, e olhava para o céu colocando suas gengivas de ouro ao vento. Ary saiu correndo com as mãos apertando a cabeça, e este sim, nunca mais foi visto.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

COLUMBINHA e COLUMBIA

Todo mundo sabe, ou deveria saber, onde fica o Columbinha. Columbinha é um dos maiores bares que existe, e fica localizado na Tijuca. Ao lado de um dos melhores galetos, o Columbia, e em frente ao Club Municipal e ao Motel Palácio do Rei, este botequim sujo, bem sujo, é a estrela maior daquele quarteirão. É o típico cospe grosso, bem imundo, e tem uma cerveja de primeira e um torresmo de dar água na boca. Sempre que faço um "tour" pelos bares do bairro o último balcão é do Columbinha, pois tenho muito apego por ele e gosto de conversar e dar boa noite para o Zé. É, chamo este balcão de Zé, sei lá porque.

Já tive o prazer de levar vários amigos meus para lá. Gosto muito de levar os camaradas do peito de São Paulo. Neste vídeo que está no Buteco do Edu vocês podem ver o dia em que fechei a casa com o amigo Favela, e neste outro post, no mesmo Buteco do Edu, podemos conferir o amigo Szegeri tendo o prazer de beber no Columbinha com um senhor que é autoridade no pedaço, o Berinjela. Bom, é sabido e está claro que este bar faz parte da minha vida pois faz com que meu coração trabalhe.

Sou um dos que falam que a Tijuca tem os melhores botecos do Rio, encho o bairro de elogios, mas quando a coisa está ficando estranha também tenho que reconhecer. Toco neste assunto porque atualmente a dupla Columbia-Columbinha está me deixando preocupado. O Columbia, na verdade, já me deixou puto e com raiva. Entraram em obras há mais ou menos duas semanas e ontem passei por diante para dar um confere. Simplesmente eles acabaram com os balcões internos tradicionais de galetos e colocaram mesas e cadeiras comportadas. Que cagada! Que CAGADA! Mudaram totalmente a cara do velho galeto e elitizaram o troço. Isso, troço, é como deve ser chamado agora, pois galeto não é mais. Depois deste primeiro desastre fui para o Columbinha, meu xodó. Há dois anos atrás os donos da birosca pegaram uma velha quitanda que ficava ao lado e com isso aumentaram o "playground" dos ébrios locais, deixando-os à vontade caso tenham que dormir por ali. Coisa suja, combinando com a área principal, só levantaram as portas e pronto. Até umas caixas de cebola e alguns sacos de batata da velha quitanda ainda estão por lá. Mas ontem, depois de ver a barrigada de elite que o Troço Columbia fez, notei que esta área do Columbinha está em obras. Gelei na hora. Estava com pressa e não parei para perguntar, mas já estou com medo do pior. Já estou pensando merda e não sei o que vai ser de mim e de muitos tijucanos se suas carraspanas columbianas forem interrompidas.

Tenho medo, garanto que bem mais que a Regina Duarte, de que arranquem um dos mais importantes e históricos balcões do estado do Rio de Janeiro. O balcão que acolhe meus cotovelos e minha bebida com tanto carinho, que olha para mim e me dá apoio quando estou num estado em que vejo três balcões em vez de um, o balcão que tem a raça e a paciência de aguentar tantas lamúrias de momentos tristes e murros de alegria no momento do gol, o balcão que é como coração de mãe, o Zé para quem dou boa noite e recebo em troca um vai com Deus.

Por favor, o Columbinha não.

Até.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

BAR EL TRES

Agora em Madrid, último destino de minha viagem que chegou ao fim na semana passada. Havia estado na capital espanhola em outras três ocasiões, mas desta vez fiquei muito impressionado. A limpeza das ruas e a eficiência dos transportes públicos foram os pontos principais.

Fiquei na casa de meu primo Manolo, que vive num bairro chamado Cuatro Caminos, perto do centro. Em cinco dias de visita pude mostrar muita coisa desta bela cidade para minha namorada, que ficou encantada. E eu fiquei muito feliz, pois estava com ela e ainda por cima em um dos lugares com mais bares do mundo. Hoje falarei sobre minha passagem pelo Bar El Tres.

Depois de ficarmos bastante tempo dentro do museu Reina Sofia, localizado no bairro de Atocha, saimos dali famintos e com sede, pois já era tarde e fazia um calor do capeta. Baixando do museu em direção à estação de trem, viramos a primeira à direita e logo demos de cara com o boteco. Para começar o bar tinha serragem pelo chão, costume por lá, e ainda por cima com um cheiro muito bom de comida perfumando os arredores. Ao entrar vimos que não haviam mesas e cadeiras, somente um largo balcão para onde nos dirigimos. A primeira atitute foi pedir chopp Mahou, marca da casa, muito bom, e segundos depois uma "ración" de batatas bravas.

O lugar não é limpo, mas é bonito. Orelhas de porco, mariscos em geral, batatas bravas, bacon na brasa e seus inúmeros bocadillos (sandubas) eram os principais pedidos, deixando qualquer um que gosta de comer bem com o sorriso largo. O senhor Frederico comanda a casa, que sempre está lotada por causa de sua localização, com valentia e simpatia. Na cozinha um caboclo estilo Sancho Pança mostrava habilidade com tantos pedidos. Sempre saíam as famosas "tapas", as porções generosas ou mesmo os grandes sanduiches de calamares. Era uma festa da boa comida de bar, sempre com ótima cerveja, vinho fresco ou brandy da casa.

Mais um boteco estilo dos nossos que recomendo, desta vez para quem puder ir à Madri. Mas que fique claro que os bares daqui são insuperáveis, principalmente pelas pessoas que encontro dentro deles. Os botecos brasileiros são muito mais do que casas em que comemos ou bebemos, vão além, já que neles podemos dar um maior conforto para nossas vidas, quase sempre cheia de problemas.












Endereço do El Tres:

Calle del Doctor Drumen, n° 3, ao lado do metrô de Atocha.


Até.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

TASCA O EURICO

Depois de trinta dias de férias, perto da minha família que mora na Espanha e andando por outros lugares, estou de volta, ainda bem. A saudade da minha cidade, do meu bairro e das pessoas que vivem ao meu redor era muito grande. Os encontros com meus primos e tios espanhóis junto com as várias pessoas que viajaram daqui comigo foram marcados pela emoção. Vários banquetes, gargalhadas e lágrimas de emoção e muita, muita bebida. Estou muito feliz por ter vivido dias tão bonitos e quando me organizar melhor coloco aqui algumas fotos.

Tive a oportunidade de passar quatro dias em Lisboa, cidade que gosto muito, mas desta vez foi mais bacana pois estava ao lado de minha menina. E este texto de hoje, que marca o fim da inércia do blog, vem para mostrar um canto especial deste lugar. Descendo o castelo de São Jorge, na Alfama, fui parar num pequenino largo, o de São Cristóvão. Fazia muito calor, e estava cansado, com fome e sede. Foi quando, deixando um pouco a modéstia de lado, o meu olhar aguçado para descobrir bons botecos entrou em ação. Era uma porta como de uma quitandinha, com algumas verduras do lado de fora e uma movimentação de entra e sai que me chamou a atenção. Ao me aproximar me dei conta de que se travava de um modesto restaurante e uma mini quitanda ao mesmo tempo. Trabalhadores com macacões manchados de tinta, com botas de obra e cascos na cabeça almoçavam lá dentro. Haviam alguns poucos turistas que tiveram a sorte de perceber aquela típica tasca escondida ao descer do Castelo assim como eu.

O nome do lugar é O Eurico, que é nome também do senhor que comanda a casa ao lado de sua mulher, uma senhorinha muito simpática chamada Laura. Bom, nem preciso falar que me senti em casa depois que me sentei numa mesinha e pedi uma garrafa de vinho branco da casa. Ao olhar o menu pendurado na parede, que por sinal era farto de opções e com preços bem baratos, escolhi sardinhas com batatas e salada. Antes do prato desejado chegar foi colocado para nós uma porção de azeitonas para beliscarmos, cortesia da casa. Quando veio a sardinha, feita na brasa, tive a certeza de que estava certo, excelente. Comemos todos os dias em que estivemos em Lisboa neste lugar. A comida muito bem feita, o vinho fresco da casa, a simpatia do senhor Eurico e o sorriso de mãe da Dona Laura me cativaram. Ainda provei o bacalhau da casa e a dourada.

Fica aqui então, meu caros, a dica para quem tiver a oportunidade de dar uma passada na terra alfacinha. Vá na tasca o Eurico e sairás bem contente.












Estou de volta, até.

terça-feira, 15 de junho de 2010

RODA DE VITROLA

Pessoal, amanhã às 18 horas farei uma roda de vitrola na rua do Ouvidor defronte a livraria Folha Seca. Esta é a segunda edição do evento, se pudermos chamar assim. Na primeira oportunidade fizemos homenagem ao grande Jamelão, aniversariante do mês de maio. Amanhã daremos importância a duas estrelas do cancioneiro nacional que completariam anos por agora caso ainda estivessem entre nós, Dolores Duran e Nelson Gonçalves. O áudio dos lps destes indiscutíveis nomes soarão ao ar livre pelos cantos antigos do centro carioca, dando aos que estarão ali um presente em forma de nostalgia.



A Folha Seca, livraria do meu amigão Rodrigo Ferrari, fica na rua do Ouvidor n° 37. A roda vai das 18hs até 21h30.

terça-feira, 11 de maio de 2010

SUCOS E BALAS 1001

Faltavam trinta minutos para a escalação da seleção e eu ainda no trabalho. Tinha marcado de almoçar na casa de minha , ela me ligou dizendo que fizera um angu, mas saí atrasado para o encontro. Minha vovó mora perto do meu batente, então vou a pé. Quando estava no meio do caminho vi a movimentação nas ruas para a escalação no escrete nacional e tive que me atrasar mais ainda.

Estava na rua Tadeu Kosciusko, no glorioso Bairro de Fátima, e entrei no primeiro estabelecimento que tinha televisão. Tratava-se de uma loja de balas. Olhei para a lista do Dunga na pequena televisão, achei um merda o selecionado, e depois começaram os comentários ao meu redor. Foi quando me dei conta que havia muito marmanjo no depósito de balas e doces, todos com um copo de cerveja na mão. Olhando mais para o fundo da casa, encontro várias prateleiras de balas, doces e biscoitos, e no cantinho outras de bebidas quentes. A Sucos e Balas 1001 é uma birosca bem bacana fantasiada de depósito de balas. Achei curioso e local e pedi uma Brahma. Fiquei lá dentro por meia hora e nenhuma criança pisou ali, só entrava pé inchado mesmo. Perguntei pro caboclo que estava servindo se ele fazia um suco de laranja, já que o nome da casa dizia ser de sucos, mas o homem afirmou que jamais havia feito um. Ou seja, é cerveja ou cachaça.


Para beliscar, meus caros, nada de ovo de codorna ou batata calabresa, apenas bala juquinha ou maria mole. Mas da geladeira sempre eram tiradas para o tímido balcão, ampolas fumegantes, isso eu garanto, pois vi com os próprios olhos. Quero voltar com mais calma à noite para apreciar melhor este botequim curioso e honesto, onde bebe-se uma excelente cerveja e pode-se assistir jogos de futebol pois tem tv paga.














Salve o Rio, salve nosso bares, salve o Sucos e Balas 1001.